segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pra toda a vida


Há muito evitava atualizar a idade da pessoa que mais amo: minha velha, minha coroa, minha rainha - minha mãe. Julgava a fuga a maneira mais apropriada de não me apropriar do tempo transcorrido. Sempre fora sofrido a consciência do tempo passando, decidi não contabilizar e fechar os olhos para os efeitos, para o inevitável ciclo da vida.



Mulher guerreira, cheia de vitalidade, mas o tempo abate com sua mão pesada qualquer ser mortal. É a morte que temo. Não a minha, a das pessoas que amo.



Tirei um tempo a lhe observar, a olhar a tranquilidade da sua maturidade, tivera filhos, hoje crescidos, tivera bons momentos e ainda os têm, tivera um pouco do céu e muitas tempestades, porém se manteve firme, calma, serena, com certeza a base da família, sempre fora.



Sempre a tive como exemplo. Cresci e me decepcionei com algumas de suas atitudes, até entender que mãe também erra, que comete pecados como qualquer outro. Acho que hoje levo a vida muito mais a sério do que ela, engraçado isto. Voltou à meninice e não desperdiça o tempo que ainda lhe resta.

Penso que os anos deveriam passar preguiçosamente para as mães e que deveria ser terminantemente proibido as suas mortes. É, mãe deveria se eternizar e jamais faltar para seus filhos. É claro, só as boas mães, as que exerceram a sua maternidade com supremacia. Falhar todos falhamos, mas elas, muitas vezes, falham pelo excesso de amor.



Hoje a vejo com os cabelos embranquecidos e a ajudo manter a cor da vaidade, característica invejável, aliás muito mais cuidadosa consigo agora que os seus seios murcharam, que as formas não são mais as mesmas, mas, sabe que, por boas causas e jamais reclamou disso. A ânsia de viver corre nas suas veias, aproveita cada momento com a urgência que os jovens não entendem.


Paro e observo minha velha, minha coroa, minha rainha - minha mãe - e tento apreender tanta vida e tanta doação. O nó na garganta não se desfaz, assim como o pensamento: mães deveriam ser eternas! Sofro de saudade antecipada, porque nem todo o tempo ainda restante será suficiente para que eu me canse de seu amor.

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