sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Amnésia


Creio que algo tenha me subtraído a inspiração, se é que algum dia a tive. Descrença na humanidade, em mim, em todos... Incapacidade de pormenorizar, medir palavras, vontade desenfreada de soltar o verbo, sem medidas. Eu grito: Abaixo a hipocresia! E, como sofre quem sente. Para não ser desleal com as palavras, para ser honesta comigo: parei, ponderei, reparei, observei... Mas a palavra é o meu alimento, o meu acalanto. Tristes aqueles que se traem, que fogem das suas essências; embora os entenda. A vida é real, no entanto, a realidade massacra. Prefiro os pés no ar, me refugio nos sonhos, tão meus...tão meus!!!

Embriago-me de poesia e de poesia alimento meus dias...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Tributo ao que passou


Sim! Muita coisa aconteceu, mas tudo está tão igual. Havia um tempo em que o tempo era bom. Hoje luta-se contra ele para arrancar as marcas do que já foi e transformar a saudade em lembranças. Neste tempo de ausência criativa alguns sonhos se realizaram, pessoas me surpreenderam para o bem e para o mal, o trabalho foi árduo, com poucas calmarias e muitas tempestades; houve encontros, desencontros e até reencontro. 

 Sim! Muita coisa aconteceu, muito mais do que eu imaginava e muito menos do que eu desejava. Não há dor. Há esperança!



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Heresias



Ao ato de escrever me entrego. Muito mais recebo do que revelo. Muito mais me curo do que amenizo. Não tenho talento, nem fama, nem pretensão; apenas escrevo. Dou rumo às ideias que brotam nas teclas dos dedos e da alma. Apenas escrevo. Um grito em negrito no branco da tela.

Não me atenho às regras, nem à métrica, nem à rima; apenas escrevo. Tenho urgência e me estreito na brevidade dos pensamentos que vêm e que vão, livres. 

Quisera expressar beleza, consolo, alívio e um "pá" de coisas mais. Alivio-me no egoísmo do que não sou, nem sei. Heresias, eu diria. Tu dirias? Não! Somente os fortes admitem o quão insanos são.

Não sigo referências, não tenho precedências, sou órfã de influências, não me preparei em academias; apenas escrevo. Sou o que sou. Sou o que escrevo. Sou? Sou de incertezas, é isso que sou.

Nas palavras desmedidas transpareço contradição. É uma questão de opinião. Guardo a minha. Respeito a tua. Nos entenderemos. Não me desmereça. Apenas escrevo!








  

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Velhas Fotos - Tequila Baby

Às vezes ouço vozes
E outras eu converso
Com alguém que não está aqui

Revivo toda noite
Na beira deste mar
Olhando as velhas fotos que eu bati



Eu sei
Que isso não traz você de volta para mim
E olhar você pela janela é ilusão
Mas meu princípio ainda esta longe do fim


Minha mente está embriagada
Tentando entender
Porque eu lembro de coisas que eu não vi

Que danem-se os poetas
E os loucos desvairados
Que rasgam os retratos para esquecer

Alegria

Ela passou por aqui, brevemente, e se perdeu
se foi sem olhar pra trás
desprezo à lágrima que verteu

É triste olhar pra frente
nada de promessas,
a realidade afronta

Olhos úmidos de esperança,
talvez um talvez bastaria
por um instante, só por um instante
fugaz

Os momentos presos
na caixinha da memória
guardados no coração

Te levo comigo
contrabandeio lembranças
de um dia, de um mês, de anos,
de vidas

Ela passou...
Cadê a alegria que estava aqui?
Te levo comigo
Contrabando!


Sandra Lopes - 05/10/2011  

domingo, 21 de agosto de 2011

Do lado de lá

Sempre penso em como eu agiria caso tivesse nascido homem. Penso nisso em relação às relações afetivas, pois acho que para o sexo masculino é bem mais fácil, ou, pelo menos, não complicam tanto. Será?  

Nós mulheres sofremos, idealizamos, torcemos, choramos (e muito), vibramos, fazemos cenas dignas de Oscar, mas, enfim, vamos ficando ressabiadas com cada decepção. Talvez nos tornamos um pouco homens no estilo de pensar. Será?

Talvez o problema esteja na idealização. Idealizamos a relação perfeita, atitudes gentis, cavalheirismo, romantismo, companheirismo, uma série de características tão incomuns na atualidade. Será que estamos querendo demais? 

Os tempos mudaram, eu sei. Porém, certos valores não deveriam mudar. Toda mulher espera ser amada, desejada e, principalmente, respeitada. Ter os sentimentos respeitados é a maior prova de amor que o homem pode dar e, vice-versa. 

Caso fosse homem, dispensaria cantadas vulgares e sem graça, não sumiria do nada depois de tanto ter insistido por um encontro, não contaria vantagens aos amigos e a ninguém, quem é realmente bom não precisa alardear. Não despertaria paixão se não tivesse intenção de corresponder. Dividiria alegrias e tristezas sem achar que isso é fraqueza. Dançaria juntinho, faria com que a mulher se sentisse especial e única, me preocuparia em ter um bom papo, nós mulheres, não nos apaixonamos por um tríceps, abdomen definido etc e tal, nos derretemos, sim, por atitudes concretas, pelos olhos nos olhos, pelo coração aos pulos, pela honestidade...e muito mais.

As mais pessimistas dirão ao ler este texto que não existe homem assim. Outras dirão que eu seria um homem banana. E terá quem diga que seria gay. Fatalmente me perguntarão: em que mundo você vive? Depois de todas estas opiniões eu me perguntarei (chateada) o problema está realmente nos homens? Será?



Sandra Lopes - Agosto de 2011

   

    

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Do nada?

Do zero começo. Um ato arriscado, posso ser traída pelas palavras, revelar além do que suponho. Há perigo na exposição quando não se  tem um rumo definido e quando se sente uma saudade profunda que nem sabemos direito de que ou de quem. Seria saudade de nós mesmos, de uma época que já passou? Ou sentimento antecipado dos dias atuais? Como saber se serão melhores ou piores? O certo é que cada vivência deixa saudade. 

Viver é arriscar-se e se surpreender com os resultados de cada ação, se não agirmos como saberemos? Fácil falar, mas muito difícil concretizar estes pensamentos. Nós próprios nos sabotamos com conceitos errôneos de felicidade. O que te faz feliz? O que me deixa feliz?  Ah! Se tivessemos a clareza necessária para perseguir a tão almejada vida feliz.    

Muito me chateia quem nunca está satisfeito com o que tem. Se tem isso quer aquilo, se tem aquilo quer o que não é seu, vivendo num círculo vicioso de queixas e lamentações e, certamente, não se dá conta de quantas coisas boas lhe acontecem diariamente. Acreditar ser merecedor do melhor não significa que por si só acontecerá. O que tens feito para que a felicidade seja real? O que tenho feito? 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pra toda a vida


Há muito evitava atualizar a idade da pessoa que mais amo: minha velha, minha coroa, minha rainha - minha mãe. Julgava a fuga a maneira mais apropriada de não me apropriar do tempo transcorrido. Sempre fora sofrido a consciência do tempo passando, decidi não contabilizar e fechar os olhos para os efeitos, para o inevitável ciclo da vida.



Mulher guerreira, cheia de vitalidade, mas o tempo abate com sua mão pesada qualquer ser mortal. É a morte que temo. Não a minha, a das pessoas que amo.



Tirei um tempo a lhe observar, a olhar a tranquilidade da sua maturidade, tivera filhos, hoje crescidos, tivera bons momentos e ainda os têm, tivera um pouco do céu e muitas tempestades, porém se manteve firme, calma, serena, com certeza a base da família, sempre fora.



Sempre a tive como exemplo. Cresci e me decepcionei com algumas de suas atitudes, até entender que mãe também erra, que comete pecados como qualquer outro. Acho que hoje levo a vida muito mais a sério do que ela, engraçado isto. Voltou à meninice e não desperdiça o tempo que ainda lhe resta.

Penso que os anos deveriam passar preguiçosamente para as mães e que deveria ser terminantemente proibido as suas mortes. É, mãe deveria se eternizar e jamais faltar para seus filhos. É claro, só as boas mães, as que exerceram a sua maternidade com supremacia. Falhar todos falhamos, mas elas, muitas vezes, falham pelo excesso de amor.



Hoje a vejo com os cabelos embranquecidos e a ajudo manter a cor da vaidade, característica invejável, aliás muito mais cuidadosa consigo agora que os seus seios murcharam, que as formas não são mais as mesmas, mas, sabe que, por boas causas e jamais reclamou disso. A ânsia de viver corre nas suas veias, aproveita cada momento com a urgência que os jovens não entendem.


Paro e observo minha velha, minha coroa, minha rainha - minha mãe - e tento apreender tanta vida e tanta doação. O nó na garganta não se desfaz, assim como o pensamento: mães deveriam ser eternas! Sofro de saudade antecipada, porque nem todo o tempo ainda restante será suficiente para que eu me canse de seu amor.

quarta-feira, 13 de julho de 2011