domingo, 16 de janeiro de 2011

Desapegos

Não persistirei. Desisto. Me peça pra esquecer, que esqueço. Orgulho idota que te sonda. Que me sonda. Vitória! De quem? Empate. Zero a zero. Zeramos. Encerramos a conta. Esgotaram-se as palavras. Vitória! Da intolerância, da egocentricidade, da falsidade. Palavras vãs, antes não ditas. Malditas!

Tão curto é o caminho da ilusão. Não me faça sonhar se não te permites me acompanhar. Não me faça rir pra depois provocar o pranto. Não me ensine a duvidar, nasci repleta. Não prometa se não tens a intenção de cumprir. Não ouse, não provoque, não se atreva. Não, não, não...Negatividade.

Tão longo é o caminho a percorrer. Sigo só por querer, porque te mostras como és. Liberdade é escolha. Sou livre para sonhar, para optar. Digo não à ilusão. Lamento!

Tão tortuoso é o caminho do entendimento. Desisto. Persisto nos meus planos, na minha identidade, na minha autenticidade. Não mudo porque assim o quer, não me anulo para que te sintas superior. É assim que sou. Livre. 

Não me peças para lembrar. Lembro do que importa, do que é válido, das boas lembranças. Sou cheia delas. Elas é que moldam o que sou e, continuo sendo. O que não interessa, descarta-se. Só se dá importância àquilo que se mostra importante.          

Subestimastes o meu valor . Erro. Assim, sigo só o meu caminho. Liberdade. Desapegos! 
     

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


Aviso "aos navegantes"

Há quem se refira ao amor como um jogo: ... no jogo do amor... Discordo. Se é jogo não é amor, não há espaço para as duas coisas. No amor não há vencedor ou vencido. Não há guerra, não há estratégia, não há luta. Se tiver que encará-lo como uma batalha, não persista, pois  não é amor. O que é, então? Qualquer coisa, menos amor. Paixão, talvez, esta sim nos coloca em pé de guerra. Quando nos apaixonamos pisamos em ovos, não sabemos se choramos ou se rimos, sentimos borboletas no estômago,  náuseas, não sentimos fome, vivemos em estado de alerta. Sentir tudo isso é bom por nos sentirmos vivos, a autoestima se eleva. Sentir tudo isso é ruim, principalmente, se formos ansiosos(as), não há controle, não há previsão. Paixão é tumulto, barraco, vulcão, consumição. Como já citado em outro texto: a paixão é uma doença da alma. Nem bom nem ruim.


O amor acontece, é gratuito, é espontâneo. Não cabe chantagens, não cabe escândalos.O amor é calmo, tranquilo, seguro. Ninguém mata por amor. Ninguém morre por amor. Mata-se ou se morre pela falta, pela ausência, seja de amor a outra pessoa seja, e o que é mais provável, pela falta de amor próprio.


Banalizaram o verbo amar. Espanta-me a facilidade com que se diz "eu te amo", simples como escovar os dentes. Ama-se hoje um ou uma, amanhã outro (a), sem ética, sem cuidados. Não ouso colocar aqui dúvida. É fato.Não é amor. Diante desta leviandade imagino um "amor" que pode ser comprado no supermercado, por exemplo, assim como são comprados produtos de limpeza, de higiene, cestas básicas etc. "Não compre gato por lebre". O verdadeiro amor acontece, é gratuito, é espontâneo e , até que me provem o contrário, acontece uma só vez na vida. O que se vê muito por aí é o genérico, imitação barata de algo genuíno.


Este texto não é para afrontar, provocar, nem ser 'inconveniente'. É utilitário, serve para avisar que neste espaço transcrevo meus sentimentos, meus pensamentos os quais, felizmente, se afinam com os de outras pessoas. Se incomoda? É,  porque ao lê-los, no simples ato da curiosidade, da espionagem, fostes atingida, forçada a refletir. Bingo! Esta é a intenção.

Nem tudo aqui são vivências próprias, é o que observo, é o que leio. Se incomoda? Certamente, falta-te a capacidade e a sensibilidade de entender sentimentos nobres aos quais aqui me refiro. Não se escreve o que não se sente e muito menos se compreende aquilo que não temos conhecimento. Para falar de amor, por exemplo, há que se ter vivido, há que se ter experimentado ser amada.


                                                                                                                                                         "Inconveniente é levar uma vida de mentiras!!! "          






           

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011




Surrealidade


À distância rondo teu sono, vigio teus sonhos, desvelo segredos. Sou ponto disforme, imperceptível a te admirar, a vagar no teu querer, a saciar teus desejos (invioláveis) submetidos e esquecidos ante a sanidade da luz. Figura tão frágil que és, que passas a ser diante de mim.
 
E no teu despertencimento viajo na surrealidade criada, te encontro em lugares em preto e branco. Somos as cores que não se traduzem. Somos a canção que niguém interpretou. Somos tudo, podemos tudo, o que jamais alguém imaginou. Somos tudo diante do nada que se implantou.

Sou da noite. Sou do sereno. Admiro o silêncio das ruas mortas. Aprecio a ideia de que o mundo, ou parte dele, dorme. O fascínio está na calmaria, nos sons, nas horas que passam vagarosas.A noite nos revela a chave de um novo despertar, de um novo olhar sobre o que já se foi.

Não te desperto porque o universo te vê ressonar. Não me acorde agora porque o longe é perto, se dissipou. Não te acordo agora, sou incapaz de enfrentar a fúria dos anjos. Não me desperte, não te desperto, seguimos. Assim. Sem fim. Sem nexo.
Ismália

Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

.......................................................

Achei interessante postar um dos meus poemas preferidos. Não sei direito o porquê da comoção que me causa. Talvez seja por ele tratar de dois mundos diferentes: o mundo sensível em que habitamos, e o mundo inteligível, das ideias puras. A pertinente busca do ideal não é mais do que uma tentativa de ascensão do mundo sensível ao mundo inteligível. Essa busca parece, para muitos, um ato insano!

"... só os loucos sabem..."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Reticências

Nem sempre as palavras saem voluntariamente. Muito se tem a dizer, a convencer, a entreter, a dividir. No entanto, há um cansaço, um desgaste. Não há o que justificar. Entenda como quiser e, ponto. Final. O final pode ser o início de um entendimento, de um tratado de paz, de uma trégua.

Não há temor de julgamentos. Entenda como queira ser entendido. Por vezes há uma urgência, um apelo, um grito, os verbos saem voluntariamente. Não há muita preocupação com a estrutura, com a retórica. Tão fácil analisar, tão simples criticar, tão banal ferir, tão difícil compreender o que se passa além das palavras.

Tudo o que se escreve pode não ser a expressão precisa do que se é, as palavras camuflam, enredam, traçam um trajeto obscuro entre o pensar e realmente ser o que se pensa. Note: foi usado o verbo PODE, o que é altamente significativo.

O apelo fora feito, os pensamentos foram lançados ao mar aberto, águas limpas e calmas, tão expostos e fáceis de serem compreendidos. Há um tratado de paz pessoal. Maresia. Calmaria, apesar da complexidade da exposição em 3ª pessoa - que sou!

O poder da verdade é exclusividade de cada um? Cada um com a sua? Aferre-se a ela, defenda-se. Aproprie-se das mentiras, tão tuas também. Seja autêntico, sem contradições. Aproprie-se, se desfaça do supérfluo e veja o que resta, pesa, calcula e siga em frente com a essência do que realmente és.

Entenda como quer ser entendido. Ouça como quer ser ouvido. Duvide, é um direito que tens. Questione sem esperar precisão nas respostas. Analise, critique, interprete. Nem tudo é como parce ser. Entenda como quiser e, ponto. Final.




Sandra Lopes - Janeiro/2011