terça-feira, 10 de maio de 2011

Súplicas de um coração cheio


Acordei com o reclame abafado das minhas gavetas e do meu coração. -Livre-se do supérfluo! -Se desfaça do que estás carregando desnecessariamente! Bem que tentei continuar ignorando a súplica, mas eles tinham razão. Vesti-me de coragem e investi na árdua batalha do desapego. Entre coisas insignificantes e outras de enorme peso sentimental fui me desfazendo um por um, com a despedida fúnebre que cada objeto, com sua representatividade, merecia. Reli cartões, cartinhas, recados, entrelinhas. Senti o cheiro da época feliz mas que me tornara triste, e se me tornei triste foi pela não aceitação do fato de que tudo um dia acaba.

Suspendi por anos a tarefa de me desfazer de certas bagagens que carrego comigo, empilhados de papéis e lembranças. Evitei o máximo de tempo que podia evitar, ou que, negligenciosamente evitei. Tenho dificuldades em me desfazer de objetos, papéis, cartões, livros, exercícios, sempre penso que posso necessitar deles em alguma emergência.

A medida que aliviava a carga material das gavetas e da estante fui me dando conta do quanto aquilo era imprescindível ser feito; com isso havia aberto vaga para novas situações, novas emoções, novas recordações, para as quais não estava dando espaço. 

Nada a lamentar a não ser o tempo  desperdiçado ao negar o chamado dos compartimentos cheios e de um coração disposto a se arriscar de novo, mas que precisavam estar limpos e preparados para novos estoques emoções. De alma renovada sigo... o que foi passou, o que virá se tornará especial, até que um dia se acabe. 



Sandra Lopes - 10/05/2011








4 comentários:

  1. Uauuu...acho q todos deveriam fazer essa faxina... Faz bem para alma... Parabens!!!

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  2. Só podemos conhecer o novo se nos despirmos de velhos preceitos.A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro. Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito. Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos...

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  3. haha é engraçado o que o Anônimo diz, parte eu discordo e me dou o direito de discordar desse interessante ser do anonimato, se pararmos para pensar nesse paradoxo que é o tempo... O futuro não existe e o passado foi, existe o presente e é aqui que as coisas acontecem... (pensem juntos no presente) e verão que o futuro pode ser, o passado foi mas é aqui que as coisas são sentidas...aprendidas e amadas!

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  4. Caro amigo, concordo que é aqui que as coisas acontecem, que sentimos, amamos... entretanto se faz necessário lembrar que é preciso sonhar, e juntos contruir um presente exatamente como a palavra diz, PRESENTE, DÁDIVA. O que seria da vida sem a magia do sonho, da busca de um ideal, de um amor puro e verdadeiro, sem mentiras, sem enganos, sem verdades que não foram totalmente ditas? Sim é aqui que as coisas acontecem, mas não se pode simplesmente escrever um destino em cima de um teto de vidro sem antes se certificar que estará seguro, e não machucará ninguém!
    Que venha o novo...

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