quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ismália

Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

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Achei interessante postar um dos meus poemas preferidos. Não sei direito o porquê da comoção que me causa. Talvez seja por ele tratar de dois mundos diferentes: o mundo sensível em que habitamos, e o mundo inteligível, das ideias puras. A pertinente busca do ideal não é mais do que uma tentativa de ascensão do mundo sensível ao mundo inteligível. Essa busca parece, para muitos, um ato insano!

"... só os loucos sabem..."

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