domingo, 11 de julho de 2010

Cadê o inverno que estava aqui?





Presta-se atenção em tudo, no frio que corta o rosto da gente, na chuva que insiste em cair de repente, na roupa molhada, na cor cinza dos dias sem sol. Particularmente gosto de dias assim: cinza e, preferivelmente, em tom escuro.

Em dias assim não temos obrigação em parecermos alegres, não somos expulsos de casa no final de semana porque devemos aproveitar o sol, o sorvete, a farra com os amigos, a paquera descarada, os corpos à mostra. Ficamos na introspecção sem nos sentirmos estranhos por causa disso. O inverno nos obriga a olharmos pra dentro de nós mesmos, e não é de se impressionar que é nesta estação que cresce o número de deprimidos.

A questão não são os dias cinzas, nem o passo largo, nem o peso das roupas que faz aumentar a tristeza típica dos dias glaciais. Na introspeção damos de cara com nós mesmos. E, como é difícil esse encontro. No inverno nos escondemos do outro para nos revelarmos a nós mesmos. Nos revelamos carentes de abraços apertados, de sorrisos que aquecem, de cobertor e filmes, de companhia agradável, de conversa animada ao pé da lareira, de bochecha cor-de-rosa, do pé frio da pessoa amada, do caldinho da sopa, dormir de conchinha...

Quanta coisa boa o inverno pode nos proporcionar, basta que ele seja apenas mais uma estação e não uma condição interior, que por mais calor que se faça podemos estar congelados por dentro. Tudo isso que escrevo mais parece filosofia de boteco, mas serve pra reforçar que desconheço o destino do inverno que fazia aqui dentro!

Sandra Lopes - 11/07/2010.

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