domingo, 27 de março de 2011

Noite vazia

Às vezes me sinto sem palavras embora as ideias não me faltem, mas o que dizer diante de variadas situações que surgem? Deparo-me com acontecimentos que, necessariamente, não aconteceram comigo, mas que de um modo ou outro presenciei mesmo que indiretamente. 

Sinceramente fico preocupada quando vejo algumas pessoas com extremada necessidade de "se aparecer". Quando é que será entendido que a simplicidade é qualidade boa e que a casca oculta o que tem a ser mostrado de verdade? Falo de essência, de valores pessoais, de moralidade, de sentimentos reais, do tipo de coisa que o dinheiro não compra.

Confesso que me adapto fácil em diferentes ocasiões, lugares e grupos, porém não subtraio observações, as quais nem sempre são expostas. Avalio os comportamentos e tenho grande facilidade de ver o que muitos tentam esconder até de si mesmos. Calma, não há nada de magia, de feitiçaria, sou uma sensível observadora. Procuro não julgar ninguém, mas entender o que as leva a cometer certos atos.

Resumidamente vou dar alguns detalhes ao que aqui me refiro. Dia desses fui parar com um grupo de amigos em uma casa noturna muito badalada na região, fiquei feliz por desfrutar deste lugar, pricipalmente na companhia de pessoas queridas. Eis que de repente sou puxada pelo braço e levada até a área dos vips, área essa que nunca havia sido frequentada por esta singela pessoa. No começo até curti, afinal estava em território desconhecido e aproveitaria da generosidade de um amigo que estava às voltas para impressionar uma das minhas amigas. Completamente desnecessário, pensei, já que eram namorados e ao meu ver esse tipo de impressão não levaria a nada. E, não levou. Após rodadas de bebidas caras, sorrisos e trejeitos de "eu sou o cara" acabou pagando cara a conta e ainda por cima perdeu a namorada.

Como podemos ver, o dinheiro não compra amor-próprio, não evita insegurança de sentimentos, não compra o amor e o respeito das pessoas. Atitudes simples e sinceras teriam sido suficientes naquele momento. É, meu amigo, um pouco de autenticidade não faz mal a ninguém. É melhor nos garantirmos pelo que somos e não pelo que temos.          

sábado, 26 de março de 2011

Outono em nós



Buscou firmemente pelas lembranças que carregara como uma espécie de amuleto e, incrédula, constatou: já não sofria mais. Nutria há anos um desejo não tão secreto de vingança. Desejava ardentemente que seus desafetos vivessem  muito para que a vida tivesse tempo de castigá-los, como deveria ser e como esperava que fosse. Ao mesmo tempo lhe ocorria a culpa por pensar dessa forma, para tão logo se aferrar na sua antiga dor. Possuiam uma dívida com ela e pagariam por isso.

Sofrera com bravura  sem deixar que isso interferisse na sua vida, pelo menos na parte material, pois na sentimental não podia afirmar o mesmo. Colecionara neste meio tempo uma sucessão de romances fracassados e a cada tentativa, tão se iniciava, já previa o desastre que seria. 

Andava tão alheia dos sentimentos negativos que não percebera que havia mudado o foco, largara a dívida nas mãos do destino, apesar da incerteza se ele existia. Depois de algum tempo acordou para o que realmente deveria ter lhe interessado desde o princípio: o seu amor próprio. Percebera que havia perdido muito tempo atribuindo a sua infelicidade a alheios enquanto que a mudança de perspectiva deveria ter vindo dela própria. 

Acordara mudada, não havia dúvida. Mas não pense que foi como um passe mágica, apenas desistiu de persistir no erro. Responsabilizou-se pela sua felicidade ou infelicidade, tomou as rédeas de sua vida sem atribuir esta tarefa a terceiros. 

Acordada desde muito cedo resolveu levantar, abriu a janela e sentiu o ar de outono invadir o quarto, as folhas das árvores caídas na grama denunciavam a renovação da natureza, finalmente concluiu que tal qual as folhas era chegada a hora de se renovar e jogar no solo velhas mágoas. A natureza, o tempo, a vida se encarregariam de tudo e ela não relutaria.    



Observação: este texto não é auto-biográfico.




Sandra Lopes - 26/03/2011





   

sexta-feira, 25 de março de 2011

Segundo a tradição budista, sábio é quem tem coragem de se recusar a ver, ouvir ou dizer o mal. Seria o silêncio dos animais um modelo a ser imitado na nossa época de muitos falatórios e imagens?

FEITOSA, Charles. Explicando a Filosofia com a arte, Ediouro.






segunda-feira, 21 de março de 2011


A incrível simpatia blindada do presidente

Mal o "homem mais poderoso do mundo" embarcou e já nos sentimos saudosos. Saudade justificada pela enorme simpatia, cordialidade e simplicidade que demonstrou com o nosso país, acostumados que estamos com a impalpabilidade dos poderosos daqui.

Somos povo hospitaleiro e disso ninguém duvida, somos carismáticos e nos alegramos até mesmo diante das adversidades. Mas, acima de tudo temos muita boa fé. Somos simpáticos, gostamos de futebol, de música, de arte. E por que não seríamos? 

Somos muito queridos, assim como a nossa natureza exuberante , os riquíssimos recursos hídricos, o clima, o petróleo e a Amazônia - pulmão do mundo de que dispomos. É, temos boa fé. Acreditamos em um sorriso largo, nos identificamos com a sua cor, aplaudimos sua amabilidade com as crianças da favela e até nos propomos a ensinar-lhe a dominar melhor a bola. 

Quem de nós, na nossa simplicidade, temos como mudar o figurino cinco vezes ao dia? Bem que gostaríamos, no entanto, é desnecessário. 

A sensação que fica é que somos inocentes demais e não percebemos, pelo menos a maioria de nós, o que se esconde por trás de uma aparente cordialidade. Somos conscientes de que é necessário diplomacia, mas poderíamos nos sentir um pouco melhores em relação a isso tudo e não como "prostitutos" abrindo guarda da nossas riquezas em troca de "simpatia".        






sábado, 19 de março de 2011

As aparências não enganam

Sob um mar de contradições ela jurava que nada a abalaria até o dia que ele chegou em sua vida. Por mais que renegasse estava completamente em suas mãos a espera da sua tomada de atitude. É aí que reside o problema: a tomada de atitude. Muitos falam, mas poucos têm.     

Depois da depressão e do stress, o mal do século é a falta de atitude. O mal de muitos. O medo de tudo. O medo da perda de defesa, de perder o controle. Controle de quê? Defender o quê? 

O mal do século é o medo, é o receio que impede de nos jogarmos às novas oportunidades. Nada é seguro. Nada é garantido. O que hoje nos faz feliz, amanhã pode não ser mais. E por que não ser feliz hoje? Sem restrições, sem medidas, sem neuroses. 

Ela sentia que o caminho era esse. Sem ele, seria uma busca em vão. Se completavam em tudo. Mas o que fazer? Se existia barreiras intransponíveis entre o certo e o errado entre eles? 

Bastava ele entender que o tempo é precioso demais para ser dispersado.Ou ele não lhe revelara toda a verdade?! Ao tomar consciência disso ela recuou mais uma vez. Esperar... É o que tem mais feito!!!


 É, caro(a) leitor(a), assim como eu, terás que esperar onde esta história terminará...Aguarde!!!!     
     




domingo, 13 de março de 2011

Te encontrei enquanto fugia dos demônios que criei. Anjo afastando os fantasmas do que se foi.
Anjo, anjo, anjo!

segunda-feira, 7 de março de 2011

A arte do esquecimento

Vivemos cheios de lembranças e muitas tentamos preservá-las a qualquer custo. É muito fácil estocarmos, sejam boas ou ruins, as mantemos firme na memória e sempre que é preciso elas estão lá ou nem precisamos chamá-las: encontram-se irredutíveis.

Todavia há aquelas que persistimos em esquecê-las. Pois, assim como todo compartimento às vezes se faz necessário uma limpeza, é preciso retirar todo o lixo que vai se acumulando, ocupando espaços importantes, trancafiando todo o sistema.         

Demoramos muito para aprender a nos desvenciliar do desnecessário. Insistimos em nos apegar no desapegável e o que é pior: atribuimos uma importância incomensurável ao que deveria se auto-descartar. De quem é a culpa? 

Somos culpados, mas temos a nossa defesa. A arte do esquecimento é difícil de ser dominada e a sua prática oferece alguns riscos, pois no esforço de esquecermos o que não nos agrada podemos, aos poucos, nos desfazer de coisas importantes, tal como a limpeza que realizamos de vez em quando em nossas gavetas, sempre descartamos algo importante e que iremos sentir falta ou perceber o quanto era importante demasiado tarde, mas aí já foi. Consumiu-se.


Contudo, ressalto que esquecer se faz necessário para prosseguirmos sem tropeços no supérfluo, sem perdermos tempo e nem energia com o desnecessário. 

Exercitemos a memória com o que nos alegra, com o que nos acrescenta sabedoria, com o que nos tráz brilho aos olhos, com o que nos remente ao gosto perfumado do momento.   

Pratiquemos a arte do esquecimento e seremos menos pragmáticos, seremos menos paranoicos, seremos mais livres para cultivarmos novas e, talvez, lembranças mais saudáveis e, caso não forem, a essa altura já estaremos expertos e felizes o bastante para não tombarmos diante do que nada nos ensina.       

Das más lembranças, que conservemos apenas o aprendizado, o resto: descarta-se.  
       









Teu olhar


Teu olhar fez festa em mim. Olhos que abraçam, abraços que alimentam. Olhos que falam, palavras que sustentam. Meu norte.  

Teu olhar plantou sonhos em mim. Não quero acordar. 

Teu olhar me fez poeta.

Teu olhar me fez fantasiar. Sonhos de felicidade. Realidade. Pressinto. 

Teu olhar pôs fogo em mim.

Teu olhar. Meu olhar. Únicos. Lume na escuridão!!!  

Sandra Lopes - 07/03/2011